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Sobre Antonio Miranda
 
 


 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 
 

HEITOR GENTIL MONTANDON
( BRASIL – MINAS GERAIS )

 

Nasceu em Araxá, Minas Gerais, a 22 de setembro de 1930. 

Juiz de Direito no Estado do Rio de Janeiro, aposentado.
Publicou crônicas e poemas no Correio de Araxá e Revista Araxá Magazine. 
Membro da Academia Araxaense de Letras.

 

A TOGA E LIRA: coletânea poética. Abeylard Pereira Gomes ...
et al.: apresentação por Fernando Pinto.   Rio de Janeiro: Record, 1985.  224 p.                      Ex. doação do livreiro BRITO, Brasília


PRESENÇA ABSOLUTA

Tua presença há de ser absoluta
e esmagar o tempo
ou os espaços indefinidos.

Na transitoriedade das coisas
e das imagens,
quando tudo passar
e se diluir no caos,
a lembrança das horas vividas,
das horas que te pertenceram,
criará mundo novos.

Na fantasia das quimeras
ou das angústias,
nossos corpos germinarão poemas de amor.

Eu te seguirei eternamente,
liberto da escravidão dos limites.
Hás de ser inteiramente minha
na etérea fluidez do espírito,
nas palpitações da carne,
no pó da terra,
nos caminhos da peregrinação
do infinito.


POESIA DO ITINERÁRIO

Sentir a sensação de estar caminhando
na névoa,
no silêncio das coisas paradas
e dos sonhos.
Uma dormência navegando nas artérias,
sob o ritmo de uma coração
aflito.

       Esta vontade de cobrir o mundo
num gesto de bondade.
Cobrir o mundo todo
que meus olhos não viram
nem meus passos correram,
as mão não tocaram,
mas a alma sentiu, intensamente.

Acompanhar o soluço irreprimível
do homem que sofre
nas entranhas
das misérias e dos conflitos.

A fome,
a morte,
a dor,
segui-las por aí,
para sofrer com quem sofre,
ser faminto também
e suavizar as agonias de quem morre.

Antes as doações da vida
sem esgotar nunca o amor,
como não se esgota a beleza
dos crepúsculos.
Ouvir o apelo da Poesia
que se evola
dessa palpitações todas,
coloridas,
deixando cair versos
na rota peregrina.

 

      BUCÓLICA

Desço pelo vale
e a tarde é minha companheira.
Há ânsia de Deus em mim.
Sigo as trilhas
no entediado capim.
Vacas cismadoras, em preto e branco,
olham-me pacientes,
as reticentes vacas do Agenor.

No profundo verde que o encobre,
às vezes  o riacho mostra-me a face
e eu vejo nela um pedaço de céu.

Neste encontro crepuscular
há um lago que espera,
onde os girinos dançam
um bailado vertical.
Sobem até a tona
como se me chamassem
também a bailar.

Aves de canto tristes
pousam para dormir.
Eu pareço Adão,
nesta breve solidão.
Por um momento, o mundo para
e o ver de me descansa.



*

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Página publicada em junho de 2023


 

 

 
 
 
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